Sem a minha família a minha casa estaria limpa, a minha carteira estaria cheia e a minha vida estaria organizada. Mas o meu coração estaria vazio... Amo vocês =D

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Socorro que virei Mãe (Sobreviver aos primeiros tempos)

Nunca se está preparada para ser mãe! É assim como um camião TIR que nos passa em cima (mas em bom). Quando chega a hora da verdade vira-nos a vida de pernas para o ar. O que não é necessariamente mau, mas para pessoas como eu com a mania de ter tudo sob controlo é um bocadito (graaande) stressante. No meu caso comecei a panicar logo no hospital confesso (parvoices de mãe de primeira viagem) e a ter um bocadinho de medo de vir com a Mary para casa (lá sentia-me protegida sempre com a ajuda das enfermeiras caso precisasse). Nos primeiros tempos ficava de rastos por não ser a super mãe e ter de deixar milhares de tarefas por fazer. No fim não fazia nada, não descansava nada, e andei com a nuvem negra da DPP a pairar ali por cima de mim durante muito, muito tempo. Tudo isso por culpa principalmente minha, mas aprendi preciosas lições que tenho todo o gosto em partilhar (não sejam teimosas como eu e não queiram ser a Super-Mom).
Coisas que podem fazer para simplificar a vossa vida como recém-mamãs:

  • No último mês antes da data prevista para o parto preparem algumas refeições simples e congelem.
  • Na mesma linha arrangem umas quantas receitas simples e rápidas e tenham à mão para quando tiverem de cozinhar.
  • Arrangem um bloquinho onde apontem os turnos das maminhas trabalhadoras (ora a esquerda ora a direita) e informações relativas aos hábitos do bebé, a que horas dorme, come, mudou a fralda... (ou talvez esta parte só para as mamãs muito maniacas da organização como eu). Acho que é bom porque nos ajuda a conhecer o bebé e perceber os seus hábitos e rotinas.
  • Definitivamente se tiverem quem vos ajude: ACEITEM! O que teria sido de mim se não fosse a minha santa mãezinha.
  • Controlem a visitas. É díficil, eu não tive lá muito sucesso porque tenho uma falha grave no plano da assertividade, mas quando vos perguntarem se podem ir visitar-vos e vocês estiverem a morrer de sono peçam para irem noutra altura. Se não tiveram a gentileza de avisar e apareceram de supresa (que bom...não...) com jeitinho peçam para voltarem noutra altura. Isto relaciona-se com a próxima regra de ouro que é:
  • Sempre que puderem durmam quando o bebé dorme. Isto é fundamental ou vão sentir-se como zombies. Para não variar não me correu lá muito bem, nem no hospital o consegui fazer... =/
  • Sejam precavidas e tenham disponiveis previamente listas de tarefas diarias que vos ajudem a voltar à rotina doméstica, com calma, sem querer fazer tudo de uma vez
  • Ponham o marido a fazer alguma coisa e ele que fique com o bebé um bocadinho enquanto vocês tomam um bom duche e se tratam.Ou enquanto vão lá abaixo tomar um cafézinho.
  • Deixem o pai ser pai. Deixem-nos mudar a fralda, dar banho, embalar. Normalmente eles não deixam cair o bebé, nem lhes vestem as calças pela cabeça... E dá um jeitão toda a ajuda que puderem dar.

Quando ter um filho - a altura certa!

Quando decidimos formar família e ter um bebé eu e o meu namorado não tinhamos casa própria (e ainda não temos), eu ainda estava a acabar o mestrado e não tinha emprego (já acabei o curso mas ainda não tenho emprego - mas também a minha Mary ainda é pequenina) e ele tinha (e ainda tem) trabalho mas sem contrato. Todos nos julgaram loucos, inconsequentes, e nos criticavam. Mas a verdade é que temos tido ajudas - sim - mas nunca pedimos nada a ninguém. Se alguém tem roupa para dar aceitamos, se a minha mãe de vez em quando compra papas para a neta eu aceito, mas nunca pedi nada para a minha filha, por ter falta para lhe dar. E também não tenho tido de me privar de nada - claro não andamos sempre a comer fora, nem vamos sair para sitios onde tenhamos de gastar dinheiro mas é um comportamento que teria mesmo se não tivesse filhos. A maioria das pessoas não compreende o raciocinio por trás da nossa decisão. O meu namorado antes de eu engravidar preocupava-se se não iria atrapalhar a minha vida (que ainda estava a estudar). Mas eu queria formar familia com ele e pensei: se não engravidar agora que estou a acabar a tese depois tenho de estagiar, não vou engravidar nessa altura. Depois vou ter de arranjar um emprego, e não vou engravidar logo fica mal. Então quando? Daqui a 10 anos? E quais serão as limitações nessa altura??? Por isso, decidi avançar logo com este sonho, é claro que ponderámos as dificuldades que iriamos ter. E agora organizo a minha vida a partir do meu papel principal que é ser mãe. Esta foi a minha opção. Cada um sabe da sua vida. Mas sinto que tomei a decisão certa quando vejo amigas com conforto e estabilidade financeira, que eu de certo modo "invejo", a lamentarem-se, a dizerem que são infelizes por ainda não terem filhos, a terem os seus próprios impedimentos para a concretização deste sonho. Quando vou aos arames com as contas e tudo o que queria ter e não tenho, penso numa frase que vi há dias: Sem os meus filhos, a minha casa estaria limpa, a minha carteira estaria cheia, mas o meu coração estaria vazio... O que aprendi é que não há uma altura certa para ter um filho. Se estivermos há espera das condições ideais elas dificilmente se alcançam - sejam lá o que forem e supondo que existem. Acho que o que faz falta sobretudo é bom-senso, sempre, vontade (porque vai dar trabalho fazer com que corra bem), esperança (não somos nada sem ela) e nos dias que correm uma pitada de coragem =D

O nascimento de uma mãe de familia muuuito forreta

Por esta altura era para estar enfiada num laboratório de investigação qualquer em Londres ou Salamanca, do qual sairia para me enfiar no meu quarto alugado a ler artigos de investigação e teses, etc. Esse era o plano. Mas a vida trocou-me as voltas quando conheci o homem que me fez desejar ficar por aqui mesmo, e aqui lutar para construirmos a nossa familia e a nossa vida de sonho. Por isso agora estou num lugar ziliões de vezes melhor que o MIT - estou ao lado da minha filhota, que esta(va) a dormir uma bela sesta. E confesso que descobri um novo sentido para a minha vida. Sim adoro ser mãe e adoro ser dona de casa e orientar a vida familiar. O que nem sempre é fácil, nunca foi, e de tempos a tempos torna-se um pouco mais díficil. Mas aprendi que tudo se consegue, com calma e organização (um pouco de trabalho também). Por isso, porque este país precisa de um BOOM na natalidade ou não teremos quem nos pague as reformas (e também porque tenho esta veiazinha de querer partilhar a minha vida com outros) é que criei este blog. Satisfaz-me o vício da escrita, e espero ajudar alguém a organizar a sua vida familiar da forma mais poupada possível (o meu mais-que-tudo é muuuuuuuuuito forreta :) ). E quem sabe incentivar-vos a ter bebés - a crise não é desculpa (depois escrevo sobre isso). Por isso, obrigada por "me" lerem, espero que gostem, que partilhem a vossa experiência, e que possa ajudar/inspirar ao menos alguém =D